Exercício 3: escreva um parágrafo por dia

Se você não está habituado a escrever, comece com pouco. Escreva um parágrafo por dia apenas. Ele pode ser um resumo do seu dia, um pensamento ou ideia que teve, sobre um livro ou filme.

Apenas um parágrafo. Escreva por cinco minutos e com o tempo você pode escrever mais se quiser.

Como posso utilizar outro tipo ou gênero textual para escrever?

(Exemplo recomendado: conto)

Você precisa se familiarizar com os textos para poder escrever um no mesmo estilo. Comece a ler mais do tipo de texto que pretende escrever e depois tente copiar a forma e o estilo. Faça isso muitas vezes e com o tempo você vai começar naturalmente a criar o seu próprio estilo, com a sua cara e seu jeito.

Uma maneira mais simples de fazer isso é utilizar contos. Não que seja fácil, mas o conto é um gênero literário menos complexo de escrever. Porque ele é mais curto e as histórias não costumam ser lá muito profundas e desenvolvidas. A história acontece em um curto período de tempo, diferentemente de um romance em que a narrativa pode durar muitos e muitos anos.

Para isso, leia bastantes contos dos seus escritores favoritos e tente copiar a forma e o estilo deles. Utilize até mesmo as mesmas palavras. Você pode também, como já dito aqui, reescrever os contos com um novo ponto de vista. Imaginar outra forma e final para a narrativa.

A dissertação

A dissertação é o tipo textual mais pedido em vestibulares, ENEM e concursos, por este motivo ela está aqui neste guia. Porém, nosso principal objetivo é que você comece a escrever um texto narrativo e não dissertativo. Há um motivo para isso. É mais fácil começar a escrever textos mais descontraídos, como a narrativa, o conto e a crônica do que textos mais complexos como uma dissertação. Precisa ter conhecimento sobre o que vai escrever para fazer uma boa argumentação, do contrário o texto vai ficar mal escrito, informações equivocadas e o leitor vai abandoná-lo antes de terminar. Acredito que se você souber criar uma boa narrativa, vai passar pela dissertação sem problema.

A dissertação é o texto em prosa no qual o autor expressa seu ponto de vista sobre determinado assunto. Esse tipo de texto segue uma determinada estrutura e deve ser muito bem planejado. Dito isso, o autor precisa ter a capacidade de refletir, expor, explicar e analisar fatos para construir boa argumentação. Requer conhecimento sobre o assunto. Qualquer equívoco, hesitação ou parte mal escrita compromete todo o texto e o objetivo primordial: convencer o leitor.

Nesse tipo textual o autor deve manter a impessoalidade na escrita. Ele deve escolher escrever na 3.ª do singular, ele, com a partícula se para indeterminar o sujeito, ou 1.ª pessoa do plural, nós, e manter esse padrão até o final. Dessa forma, o texto passa mais credibilidade e mantém o distanciamento do autor.

O texto dissertativo possui três partes fundamentais: introdução, desenvolvimento ou argumentação e conclusão. Volte ao capítulo para relembrar e ver exemplo. Aqui dou breve explicação.

A introdução é a parte em que o assunto é apresentado de maneira clara e objetiva. O autor direciona o texto para o que ele vai discorrer. O leitor é informado sobre o que vai ler.

O desenvolvimento ou argumentação é a parte em que o autor vai discorrer sobre o assunto, apresentar informações relevantes, fatos e dados. É aqui que o autor vai tentar convencer o leitor do seu ponto de vista.

A conclusão é onde há breve retomada do que foi apresentado na introdução. A conclusão não é simplesmente o resumo ou a síntese do que foi exposto ao longo do texto. Ela exerce uma função muito maior que é de retomada do assunto a fim de reforçar o problema apresentado ao longo do texto e assim convencer o leitor de que a solução apresentada aqui é a melhor ação a ser feita.

Toda dissertação segue essa mesma estrutura. O autor argumenta, apresenta informações para embasar seu ponto de vista e convencer o leitor. Ela é a modalidade de texto mais requerida em concursos, vestibulares e no ENEM pois o autor precisa ter conhecimento prévio, estar por dentro de diversos temas da atualidade, possuir repertório sociocultural produtivo e ainda ter boa argumentação. Não é um texto muito difícil de produzir seguindo a sua estrutura fixa, mas a desenvoltura com a norma culta escrita da língua e argumentação podem pesar na hora de produzi-lo.

A redação do ENEM segue um padrão muito específico. Não basta apenas escrever bem, tem que seguir o roteiro. O estudante deve demonstrar domínio das cinco competências. São elas:

 

  1. Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa.
  2. Aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema.
  3. Apresentar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
  4. Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
  5. Elaborar proposta de intervenção social para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

 

Será descontado ponto do estudante se ele não seguir esse padrão, mesmo escrevendo bem. Zerar na redação do ENEM pode ser pior, pois ele não poderá usar a nota para entrar nas universidades e será eliminado do ProUni, Sisu e FIES.

A minha dica para quem for fazer a redação do ENEM é pegar redações que tiraram 1000 e ler, analisar, estudar, produzir várias redações de temas variados contemplando as cinco competências e pedir para um professor corrigir. Seguir o roteirinho. Você vai tirar mil se fizer isso.

Esses são alguns tipos textuais e considero-os essenciais para qualquer um que deseja aperfeiçoar a habilidade de escrita. Além desses, existem muitos outros. Para cada tipo há uma exigência e linguagem diferente. Há aqueles textos mais técnicos, como artigos científicos, acadêmicos, relatórios, documentos e muitos. Se você precisar escrever algum tipo de texto não explicado aqui, busque modelos, leia-os, estude sobre eles e tente aos poucos escrever o seu. Escrever é prática e estar familiarizado com o tipo textual a ser escrito.

O artigo

O artigo como tipo textual também é muito comum. Aqui, tratarei do artigo jornalístico.

Em jornalismo, o artigo é um texto dissertativo-argumentativo no qual o autor expressa sua opinião sobre determinado assunto e tem como principal objetivo persuadir o leitor. Eles são escritos para jornais, revistas e sites.

Os artigos possuem a mesma estrutura já mencionada anteriormente no Capítulo Cinco: Escrevendo. Esse tipo de texto tem como características principais a linguagem simples e objetiva, temas da atualidade, títulos polêmicos e provocativos, publicados em periódicos (jornais, revistas) e são escritos em primeira ou terceira pessoa do singular.

Para exemplos de artigos, você pode acessar os principais jornais do país e entrar na seção Opinião.

A resenha

A resenha é um texto de opinião que analisa e descreve minuciosamente determinada obra. Esse objeto pode ser livro, filme, peça de teatro, álbum de música e até jogo de futebol ou outro esporte. A quantidade de coisas que podem ser resenhadas é enorme. Praticamente, podemos resenhar qualquer coisa.

É um erro comum confundir resenha com resumo. Cuidado! O resumo é a síntese de uma obra. Já a resenha é mais do que um resumo. Ela pode ser descritiva ou crítica e, além de resumir, apresenta informações importantes para orientar o leitor sobre a obra. Sendo assim, o autor é livre para opinar sobre ela.

Nos jornais, revistas ou sites, há uma seção dedicada a resenhas de filmes e livros lançados e mais vendidos na semana.

O YouTube, por exemplo, se tornou uma mídia onde podemos conferir resenhas em formato de vídeos. Você sabe aquelas análises às quais assistimos sobre produtos? São resenhas.

A resenha é uma ótima forma para exercitar nosso poder de síntese, observação e crítica.

Quer saber se um livro vale a pena ser lido? Leia resenhas.

O resumo

Resumo é a síntese de alguma coisa. Você pode resumir um livro, uma notícia, um fato, um artigo, um filme e muitas outras coisas. Resumir é contar o que há de mais importante na obra, apenas as informações essenciais para que outras pessoas entendam.

O resumo precisa ser breve, direto e sucinto. O tamanho depende muito do que você vai resumir, mas o ideal é que ele não ultrapasse uma página.

Quando for resumir, procure identificar as palavras-chave e as partes mais importantes. Você pode iniciar a montá-lo em forma de esquema, um fluxograma, colocando apenas palavras-chave e partes importantes. Depois, montar um texto ligando essas palavras-chave e partes importantes. Preenchendo as lacunas com palavras e frases para criar o seu texto. É uma forma mais simples de montar um resumo e você estará aprendendo a sintetizar a obra.

Como exercício, escolha algum livro ou filme de que gosta e conheça bastante e tente resumi-lo. Outro exercício válido é resumir o que aconteceu no seu dia.

A crônica

A crônica é um gênero literário muito parecido com o conto e muitas vezes é difícil ou até mesmo impossível identificar um texto como crônica ou conto. Geralmente ela é escrita em jornais e outros periódicos e isso já basta para classificá-la como crônica.

A crônica é uma narrativa que expõe os acontecimentos ou fatos em ordem cronológica, daí que se deriva o nome, do grego chronos, que significa tempo. Geralmente a crônica relata fatos do cotidiano ou assuntos relacionados à arte, cultura, esportes, ciência e muitos outros.

Há diversos tipos de crônicas nas quais o cronista procura mostrar o seu ponto de vista para o leitor. Os tipos mais comuns são a jornalística, histórica, descritiva, dissertativa, narrativa, poética e muitos outros.

Existem dois livros de crônicas muito famosos que você já deve ter ouvido falar. Um é As Crônicas de Nárnia, do escritor norte-irlandês C. S. Lewis. E o segundo, Crônicas de Gelo e Fogo, do norte-americano George R. R. Martin, que originou a série Game of Thrones. Você já assistiu a alguma dessas duas obras? Esses textos são considerados crônicas porque contam uma história cronológicamente.

Em As Crônicas de Nárnia, vemos o surgimento de Nárnia, toda a sua história e batalhas dos povos até o seu desfecho (não contei spoiler, Nárnia ainda existe).

Quem escreve conto geralmente também escreve crônica e vice-versa. Há diversos cronistas escrevendo em jornais, revistas, sites e outros periódicos.

O conto

O conto é um dos gêneros textuais mais populares. Ele é uma narrativa que possui uma estrutura definida (não varia tanto), não é muito complexo e é breve. É nele que vamos embasar a nossa aprendizagem de escrita. É com este gênero que sua escrita vai fluir.

O conto é um dos gêneros literários mais antigos. Basicamente, ele é uma narrativa curta escrita em prosa (prosa é um texto corrido que vai até o final da linha, o modo natural de escrever, como este guia). Pode tratar de temas variados, épicos, folclóricos ou fantasias. Pode ser apenas um acontecimento cotidiano, como a ida ao dentista ou sobrenaturais, como vampiros e bruxos, por exemplo.

Pela sua brevidade, o conto é uma narrativa simples, com poucos personagens e o enredo também é limitado, breve, focado na maioria das vezes em uma só trama e muitas vezes possui um único objetivo, que é apenas contar uma história ou despertar um sentimento no leitor. Essas características podem mudar dependendo do conto. Isso é o que faz um conto ser um conto: escrita em prosa, narrativa curta e poucos personagens.

Para efeito de comparação, falarei aqui sobre o romance. O romance é uma narrativa mais complexa, é mais longo, possui mais personagens e a trama possui várias subtramas. Geralmente é dividido em capítulos. Isso é o que faz um romance ser um romance: escrita em prosa, narrativa longa e muitos personagens.

Novamente, o objetivo não é fazer com que você se torne um escritor, mas simplesmente melhorar a sua escrita produzindo narrativas.

A narrativa

Esse tipo de texto narra acontecimentos verídicos ou fictícios. Para contar a história, ele possui personagens que agem em um determinado tempo e espaço.

Os personagens da história podem ser pessoas reais ou inventadas e são divididos em principal e secundários. O espaço geralmente se refere ao local físico, mas também pode se referir a classes sociais ou ser psicológico.

Narração em 1.ª pessoa: o narrador participa da ação.

Narração em 3.ª pessoa: o narrador não participa.

A narrativa está nos mais diversos textos: notícia, biografia, autobiografia, teatro, filme, romance, novela, piada…

Se você tem uma história para conta, você tem uma narrativa.

Que tal você narrar um acontecimento da sua vida, do seu dia, alguma viagem que fez. Você deve ter uma boa história, algum acontecimento marcante que você gostaria de contar.

Escreva uma narrativa. Coloque isso no papel do seu jeito e com as suas palavras. Não deixe nunca de contar a sua história.

Continuar uma história

Outra forma de escrever é continuar uma história. Se gostou de um livro ou até mesmo conto ou crônica, você pode continuar a história e imaginar como seria do final em diante.

O que aconteceu depois que o livro acabou? Use a imaginação para continuar a história. Você pode contar apenas uma cena ou toda uma história. Veja o que eu fiz, há alguns anos, com Nárnia:

Piquenique

Debaixo de uma árvore há uma mesa muito farta com doces, bolos, geleias, marshmallow, pães, café e chá. Muito felizes e numa conversa agradável, um fauno, quatro crianças, dois meninos, duas meninas, e um casal de castores fazem o desjejum. É um dia muito agradável de sol. Tanto fresco. As flores acabam de dar sua primeira florada e há um sutil aroma pelo ar. Há ainda gotículas de orvalho pelas árvores e chão relvado. As árvores farfalham saudando-os. Uma porção de passarinhos gorjeiam e voam daqui ali contentes. Duas borboletas saltam pelo ar num majestoso balé. Estas terras nunca estiveram tão felizes. O piquenique parece não ter hora para acabar, juntam-se a eles um rato espadachim que exala valentia e um anão. 

 

Gostou? Que tal se você tentar? Escolha uma história, um livro de que gosta bastante e continue a história. Imagine como seria a história depois do fim do livro e escreva. Crie uma história do seu personagem favorito.